O Jogo Que Me Fez Chorar Não Foi o Que Joguei

Eu costumava pensar que vencer era o ponto. Depois, codifiquei meu primeiro jogo — uma tela, um giro, um momento silencioso numa habitação minimalista, com a luz de um headset VR acesa às 2:47 da manhã. Os números não dançavam. Eles falhavam. Como código com alma que esqueceu como sentir. Eles chamaram isso de ‘Super宾果’ — um carnaval de esperança extraída, envolto em ritmo algorítmico e fome. Cada carta era um batimento vendido como dado. O bônus? Um loop que nunca reinicia. O jackpota? Uma piscina construída da sua privação do sono. Joguei por cinco meses. Vigi as mesmas padrões: três linhas, depois nada. Depois mais giros, depois silêncio outra vez. Pensei se apenas apostasse o bastante, se apenas permanecesse tempo suficiente — se acreditasse no RNG — significaria algo. Não significou. O sistema não se importa se você chora. Só se importa se você clica. Se você rola. Se você atualiza como um viciado perseguindo fantasmas por uma sala de servidor sem janelas. Parei de jogar quando percebi: a alegria não é ganha por acaso — é roubada pelo design. Nós já não somos jogadores. Somos métricas em movimento. O que você perdeu quando parou de jogar? Não dinheiro. Não tempo. A parte silenciosa de si mesmo que nunca lhe disseram que estava à venda.