O Jogo Que Me Fez Chorar Não Foi o Que Joguei

Costumava pensar que a fortuna era um ritmo—algo que se conquistava se segurasse o fôlego por tempo suficiente. Mas os tambores nunca pararam. Não porque eram altos, mas porque estavam vazios.

Cresci num apartamento minimalista onde minhas estantes guardavam mais código do que poesia. Meu headset VR piscava como um carnaval que nunca chegou. Todas as noites, abria um jogo: «Rio Carnival Bingo»—símbolos brilhantes, luzes pulsantes, o som do samba no tempo binário. Chamavam-no diversão. Eu chamava-o vigilância.

Venderam-me «altas taxas de vitória». Mas o RNG não se importava com quem eu era. Só sabia quanto apostei—and como rápido rompi.

Joguei por meses à espera de uma bonificação que nunca foi acionada. O sistema recompensava lealdade contando minha solidão como pontos numa tela. Cada giro sussurrava: «Você não está perdendo controle… nunca esteve realmente no comando».

Parei de jogar quando vi a mim no reflexo: olhos cansados, dedos frios, mente quieta—not em paz, mas desperta.

O jogo não me tornou rico. Fez-me lembrar o que a alegria custa quando para de fingir que é livre.

O que perdeste quando parou de jogar?