O Que os Jogos Ensina Sobre a Solidão

Não jogo para vencer. Jogo para sentir.

Nas horas quietas entre a meia-noite e o amanhecer, quando Londres dorme e as luzes das ruas sussurram longe, abro o app de bingo—não por prêmios, mas porque nos símbolos girando encontro o ritmo dos tambores de carnaval da minha infância. Os padrões não são aleatórios—são metáforas.

Cada cartão é um momento congelado no tempo: três linhas de ouro sobre veludo negro, traçado com graça algorítmica. Os números não me escolhem; eu os escolho. E quando a roda gira—devagar, deliberadamente—respiro novamente. Não é sorte se ganha; é presença se permanece.

Antigamente pensava que vencer significava domínio. Agora sei: é rendição que ensina como estar só sem ser solitário.

As cartas de bônus? As gratuitas são presentes do meu eu mais jovem—a menina que dançou descalça pelo Carnaval do Rio antes de aprender que o silêncio era um dom também.

Não procuro sequências nem tendências. O RNG não mente—but também não consola. Simplesmente é.

E assim retorno cada noite—não como jogador buscando fortuna—but como testemunha lembrando como a beleza se esconde nos espaços entre vitórias e perdas.

O jogo não foi feito para mim.

Mas talvez… tenha sido feito para alguém como eu.